Deixar tudo para depois! Entrevista ao Diário Popular Pelotas

* Existe alguma denominação para essas pessoas que deixam tudo para depois ou para este comportamento? O nome dado geralmente é procrastinação e embora não exista classificação como uma doença, ela é um dos sintomas de várias outras patologias, como Déficit de Atenção, transtornos de ansiedade, entre outros.Procrastinar segundo o Aurélio é "deixar para depois, postergar, adiar" e segundo estudos recentes, ¼ da população apresenta este comportamento crônico em alguma área de sua vida. * É mais freqüente em homens ou mulheres? Não existe nada que indique uma prevalência maior nos homens ou nas mulheres. Pesquisas apontam para tipos diferentes de procrastinação em faixas etárias específicas. Por exemplo, após os 60 anos as pessoas tendem a postergar o lazer, enquanto que na faixa de 18 a 59 anos adiam atividades, trabalhos e projetos. * Quais são os principais prejuízos para estas pessoas que vão deixando o tempo passar e não colocam em prática suas vontades? Além dos prejuízos diretos decorrentes do atraso, sejam econômicos (ex. perder um negócio em função do atraso), de saúde (ex. tratar de um câncer numa fase mais avançada) ou emocionais (ser visto como irresponsável, incompetente etc. por não cumprir com um prazo), ficamos com menos tempo para realizar o que desejamos. Um tempo que não se recupera mais. De uma forma geral, quanto mais adiamos algo, mais resistentes ficamos a iniciar a tarefa em questão, criando um ciclo vicioso. Tanto que pesquisadores comparam a procrastinação à dependência de drogas. * Na minha matéria vou abordar assuntos como: começar um regime, entrar em uma academia para melhorar o condicionamento físico, parar de fumar, melhorar o rendimento escolar, entrar em um curso para aprimorar o currículo, pedir perdão para alguém e retomar uma amizade. Achas mesmo que situações como essas podem ser amenizadas, aprimoradas ou até mesmo concluídas em dois meses? Muitas coisas podem ser melhoradas, e muito. Esta idéia de que não adianta mais, só serve para ficarmos no mesmo lugar. Claro que em algumas atividades, os resultados não serão os mesmos em decorrência de ser feitas em um menor tempo. Também a qualidade geralmente é diminuída e as condições em geral se tornam piores em função da pressão e angústia gerados.A realização de pequenas coisas, ainda que desta forma, gera um sentimento de reconhecimento de nossa capacidade e gratificação, proporcionando um reforço na nossa conduta de vencermos a falta de motivação.O maior benefício é o de nos sentirmos capazes. É importante termos consciência dos prejuízos que a nossa vida sofre, toda vez que deixamos de fazer hoje, algo que pode tornar nossa vida melhor amanhã, e que, não fazer nada, é uma decisão, tanto quanto tomar atitudes na direção de mudanças.Sempre vale a pena recomeçar porque é a única possibilidade real de transformar a nossa vida para melhor. * Quais seriam os benefícios para pessoas que colocassem em prática seus desejos sem deixar para 2010? Muitos, realmente muitos, mas talvez o principal seja a possibilidade real de realização. Porque deixar para 2010 algo que pode ser iniciado agora já é procrastinação, enquanto que os que conseguem iniciar hoje, já terão no próximo ano este reforço de ter iniciado e estarão mais aptos a dar continuidade. *É melhor fazer agora e não deixar para depois? Sempre. Estes pensamentos de que “se eu tivesse...”, se eu fosse...”, etc. nos enfraquecem ( porque acreditamos que nos falta algo) e nos fazem acreditar que não temos condições para mudar, pois isto não depende de nós ( foram as circunstâncias ). Acreditamos que somos vítimas de situações. Quando na verdade se estamos neste “lugar” desagradável foi porque construímos isto com nosso comportamento, ou seja, nossa vida atual é o resultado do que fizemos até então e nós somos os únicos que podemos transformar a nossa vida. Tentar nos “economizar”, “poupar” é a garantia de permanecermos “acomodados” ( isto é muito sofrido) no mesmo lugar.

SOLIDÃO

"Digam o que quiserem. O mal do século é a solidão. Cada um de nós imerso em sua própria arrogância esperando por um pouco de afeição .” Renato Russo Solidão “

Do latim solitudine, é o estado de quem está só. Ausência de relações sociais; isolamento. Lugar ermo.” Muitas vezes, não é necessário estar só. A solidão pode ser sentida como a sensação de estar só, mesmo entre muitas pessoas. De ser sozinho, de se sentir desinteressante, de vivência do vazio. 
O crescimento desenfreado dos grandes centros urbanos e a cultura do narcisismo, representando a felicidade sob a forma de bens materiais e consumo, na sociedade contemporânea, produz um grande sofrimento humano, tornando-nos mais insensíveis e distanciados de nós mesmos. Atualmente não estamos mais vinculadas à comunidade como antes. Reunião de vizinhos, parentesco e amizade não são mais relações de proximidade. São convívios formais. Quando há convívio. 
A solidão moderna é conseqüência do individualismo. Ela resulta do “anseio por um estado interno perfeito inatingível, busca da sensação de completude e à necessidade de reconhecimento do outro”. A ânsia pelo reconhecimento faz com que nos adaptemos a este modelo externo de ser feliz, deformando nossa personalidade. Esta falsa identidade gera sentimentos de baixa auto-estima e depressão, ou seja, “Eu me sinto tão sozinho, tão desvalorizado. Eu tenho tanto medo de perder um restinho de um amigo, de uma namorada, de um amor, que vou fazer tudo para agradar o outro”. O sentimento de isolamento, de não pertencer a um grupo que me reconheça como um sujeito capaz, aliado aos meios de comunicação de massa que dizem que todas as coisas podem ser “compradas”, inclusive a felicidade, reforça a crença de que o valor está fora de nós. Só tem valor “as celebridades”, as pessoas “normais” se confundem com a massa, e a massa é considerada medíocre, desvalorizada. 
Os meios de comunicação de massa também reforçam a idéia de que quem se sente sozinho, está fora do circuito, pois, bem-estar e felicidade podem ser comprados. Portanto, não há espaço, nem para compartilhar a solidão. “O homem não se torna delinqüente, anti-social, narcisista, deprimido e obcecado pelo corpo, apenas pela voracidade característica do capitalismo, mas sim, porque nos fazem ver, sentir e pensar que nada do que somos desperta o interesse, admiração ou amor do outro.” E vamos tentando lidar com essa perda de perspectiva, de uma maneira capitalista, ou seja, comprando, comprando, e jogando fora. Um sistema de busca que só aumenta sentimento de vazio, a voracidade, consumismo e o pior, as relações também se tornam descartáveis. O que gera uma maior solidão. Contudo, a solidão também pode ser uma experiência criativa. Se conseguirmos transcender o “sistema” vigente, podemos entrar em contato com nosso interior, reconhecer nosso valor “único” e descobrir a possibilidade de viver e criar na solidão. Produzindo assim a nossa “gota d’água”, neste insano oceano de valores.

Perguntas dos Leitores

Pergunta:
Tenho um namorado a 2 anos e demos um tempo.O que aconteceu foi que acabei ficando com uma amiga.Eu estava de porre mas incrivelmente foi maravilhoso.O problema é que nunca senti este tipo de atração.Eu e minha amiga não falamos sobre isto mas não consigo tirar isto da minha cabeça.Será que estou virando lésbica?Agradeço se possível uma orientação. 

Resposta 
Ter ficado com uma amiga , não significa que estás ficando lésbica. Muitas pessoas tem atração por pessoas do mesmo sexo, sem que sejam homossexuais. É possível que neste dia tenhas te sentido carente e encontraste na amiga este carinho. Uma forma de suprir a falta do namorado. Pensa se o que sentiu foi atração sexual pela amiga, desejo de ter relação ( e se isto também acontece com outras mulheres) ou o prazer foi por estar com alguém que , naquele momento, te desejava. Talvez a ideia de ser homossexual te assuste mais em função do "pré-conceito" que tens do que propriamente pelo que estas sentindo. Rever esta situação de "dar um tempo". Será que é isto que queres? Está bem assim? Se não está é importante conversar com o namorado e expor o que está sentindo. Também conversar com a amiga, pode ser muito bom.


Pergunta: A sexualidade nos dias de hoje perdeu o tabu.Não há mais certo nem errado.O que me preocupa é que minha namorada sugeriu uma transa a três e fisemos eu com um cara e ela depois com uma mulher.O problema é que não me senti bem em nenhuma ocasião.Ela me acusa de estar com problemas,mas na verdade quem estaria.Se possível um conselho lhe agradeço. 

Resposta: Também penso que não existe "certo e errado", na expressão da sexualidade, desde que as pessoas se sintam bem e não prejudiquem ninguém. O que parece não ser o caso. Se te entendi bem, concordaste em ter relacionamentos por querer satisfazer um desejo de tua namorada, não teu. Não sei se por medo de perdê-la ou porque a relação já não estava boa e isto foi uma tentativa desesperada de ficar bem. Seja qual for o motivo , o fato é que te violentaste quando concordaste. Por isto o mal estar. Me diz que tua namorada te acusa de ter problemas. Ela deve ter suas razões para dizer isto. De qualquer forma parece que a tentativa de solução trouxe problemas maiores. O "certo" é viver coerente com o que sentimos e pensamos. Não precisamos nos "transformar" para agradar outras pessoas. As pessoas gostam ou não da gente, pelo que somos. O resto é ilusão. 


Pergunta: Estava muito triste e tenho minha auto estima muito baixa.Por incrível que pareça foi maravilhoso ler uma matéria onde o colunista se identifica com o leitor.A parte onde admite que teve problemas e enfrentou foi inspirador pra mim.Sugiro que tenha matérias que sejam de auto-ajuda,como atitudes que melhoram nosso dia,como enfrentar a depressão.Sei que é um tema muito complexo e depende de cada um mas deve ter ações em geral que servem de ponta pé inicial. 

Resposta: Obrigado! Fico feliz em saber que meu artigo te ajudou. Este é o meu propósito maior. Quanto a identificação com o leitor, é natural e verdadeira, afinal somos todos seres humanos.Estar triste não significa ter depressão. É normal ficarmos tristes de vez em quando, principalmente se estamos enfrentando alguma situação difícil em nossa vida. Quando diz que tem baixa auto-estima, é porque também percebes que o teu valor é maior do que tu parece enxergar. Existe uma percepção de que és maior do que "isto".Para enfrentar a "depressão" é importante identificar o que nos faz bem e buscar. Muitas vezes temos vontade de desistir,mesmo sabendo que são coisas boas que estamos fazendo ou buscando. Mesmo assim se continuarmos, a tendência é que o desânimo diminua e as atividades se tornem cada vez mais motivantes. Mas fica atenta ao que acontece contigo. Se a situação ficar mais difícil, o melhor é procurar ajuda. 


Pergunta: Tenho 31 anos 3 filhos de escadinha um de 7 anos e 2 de 5 anos.Estou num esgotamento total.Não tenho vontade mais de levantar da cama mas tenho minhas tarefas.Engordei 10 quilos nos últimos 6 meses.Não tenho tempo pra mim.Só sei chorar.Por favor escreva uma matéria com dicas para mulheres que também,acredito eu,estão com este problema. 

Resposta: É importante perceber os nossos limites. Falas de uma situação de desespero e talvez de depressão. Embora não conheça a natureza deste sofrimento, as consequências já parecem graves. Somente o fato de engordar 10 kg em seis meses já é suficiente para buscar auxílio médico imediato. Ver o que está acontecendo. Quanto ao "desespero" , além do sofrimento imediato, as consequências podem ser bem piores para ti e para teus filhos. O que estás passando a eles? Muitas vezes pensamos que podemos nos deixar de lado para cuidar dos filhos. Isto é em parte verdadeiro, principalmente nos primeiros meses de vida, em que a criança não sobrevive sozinha. Com o desenvolvimento normal os filhos vão se tornando mais independentes ( esta é a maior tarefa dos pais ) até que caminham sozinhos. Para poder ajudar os teus filhos é necessário que estejas bem. Ou os filhos , ao invés de prazer, vão se tornar os teus problemas.É momento de interromper este ciclo. 


Pergunta: Sou uma mulher de 37 anos,solteira,sem filhos.Por estes motivos acho que só atraio relacionamento sem futuro.Me entrego completamente,mas não tenho retorno.Acabei meu último relacionamento há 5 meses e emagreci 7 quilos.Estou de licença do trabalho pq estou numa depressão profunda.Mas só procurei ajuda para conseguir a licensa agora passo dormindo.Por sorte estava no cruz no níver de uma amiga qd lemos o jornal.O que faço para ter uma vida normal(casar ter filhos)?Pq só atraio homens ruins pra mim? 

Resposta: Se o teu desejo é casar e ter filhos, penso que deves continuar buscando isto. Entretanto parece que identificas algo no teu comportamento que prejudica este tipo de relação. É como se possuisse uma parte tua que inviabiliza a realização do teu desejo. Pelo teu relato fico com a ideia que sofreste mais com a separação ( o fato de ficar sozinha ) do que pela perda da outra pessoa. Talvez seja importante te perguntar se estás feliz contigo mesma, realizada pessoalmente e buscas um companheiro para complementar tua felicidade ou estás buscando a "salvação" em outra pessoa. Primeiro deves buscar uma realização contigo mesma, estar satisfeita e orgulhosa pelo que és e estar aberta a conhecer outras pessoas. Pessoas que tenham afinidade contigo, que tenham projetos de vida semelhantes. Mais do que se deixar levar pelas "paixões", quando se quer um relacionamento "estável", o importante buscar afinidades.Buscar o tratamento medicamentoso apenas e ficar dormindo em casa, só vai agravar a situação. Quando "acordar", terás menos tempo.Também é importante dizer que se isto que identificas no teu comportamento que te prejudica, não for mudado, a probabilidade de repetir as mesmas situações já conhecidas é muito grande. Talvez seja o momento de retornar a terapia, ao trabalho e à vida.Que acredito já tenhas dado o primeiro passo me escrevendo. 


Pergunta: Tenho um namorado à 2 anos e ultimamente ele não consegue ter uma ereção comigo.Ele me falou que foi ao médico e ele disse que está tudo ok.Mas o que será então? Será que ele está perdendo o interesse comigo? Será que existe outra pessoa?  

Resposta: É difícil dizer o que acontece, sem conhece-los, mas isto pode acontecer por muitos motivos isolados ou varios outros juntos. Podem existir muitas causas para a impotência. Ela pode aparecer após um trauma. Pode ser resultado de depressão, ansiedade, estresse, medo de falhar, falta de diálogo etc.Os teus questionamentos são comuns a quase todas as mulheres quando isto acontece (ele tem outra? Perdeu o interesse por mim? etc. ) mas na grande maioria são infundados. Muitas vezes por "gostar" muito da parceira e se exigir demais ele não consegue ter ereção. Se a relaçao sexual antes era boa , tem que se pensar no que aconteceu.O primeiro passo é a investigação clínica ( isto já foi feito ). A partir daí conversar abertamente sem cobranças ou exigências e se isto não for suficiente, procurar ajuda profissional. 


Pergunta: Bem tenho uma filha de 3 aninhos e sou separada.gostaria de temas como limites tanto para filhos com ex.,como uma mulher pode viver melhor depois do divórcio,assim como dicas atitudes e até uma troca de relatos. 

Resposta: Com a tua filha penso que podes aprender muito assistindo os programas da "Super Nani". É um programa educativo muito bom e bastante útil, já que os casos são reais e os problemas bastante comuns. Com certeza vais visualizar situações muito conhecidas tuas e aprender como lidar com elas.Quanto as "Dicas de como viver depois do divórcio", são dicas de como viver em qualquer situação, ou seja, não é o divórcio que te priva da vida é como te sentes diante disto. O que posso dizer é buscar sempre, dentro de ti, o que te faz feliz. Buscar situações prazerosas em que te sintas realizada. Se vai casar novamente ou não vai ser consequência. O importante é que não te percas de ti mesmo. 


Pergunta: Me formei a 2 anos em publicidade e propaganda e até agora não consegui um fixo e isto está sendo muito decepcionante pq vc faz uma faculdade,adora o curso e depois não consegue colocar em prática nada que acontece.Queria muito saber como encarar isto sem tanta decepção. 

Resposta: Talvez estejas te limitando por acreditar que só podes colocar em prática teu conhecimento, tendo um trabalho fixo. Penso que isto não te impede de pensar, criar e desenvolver atividades e os projetos que queiras. Existem muitas possibilidades na tua área.Encarar isto sem muita decepção é impossível, na medida em que já estás aceitando a idéia de abrir mão do que mais gostas. Se realmente é isto que desejas, vai em frente. Ainda que o trabalho fixo seja uma necessidade vital, podes trabalhar em qualquer atividade, que sempre vais poder utilizar teus conhecimentos de alguma forma ( ainda que indireta ) e sempre desenvolver outras possibilidades fora do trabalho formal também.Acredito que nada pode ser mais decepcionante do que deixar de acreditar.

MENTIRA Entrevista ao Diário popular

1) Existe mentira saudável? Se sim o que seria?

Não sei se saudável seria o termo mais apropriado, mas acredito que existam mentiras generosas, sem maldade, em que a intenção é proteger o outro, evitar a dor e o sofrimento sem o propósito de magoar. Outras vezes a mentira também tem a função de estimular, encorajar. Em ambos os casos acho que é uma forma saudável de se relacionar.


2) Quando que uma brincadeira com o outro, mesmo que a intenção seja dasmelhores, pode virar de mau gosto?

Entendo como sendo de mau gosto tudo que desvaloriza o ser humano. Qualquer brincadeira que faça o outro se sentir pior, pra baixo, não é legal. Isto pode, com a continuidade, tirar os sonhos de uma pessoa e com isto, tudo que ela poderia vir a ser, ou seja, pode até destruir uma pessoa.


3) Quem mente mais nessa idade os guris ou as gurias (na tua opinião)? Por que?

Não há regras quanto ao sexo, mas parece que os meninos mentem mais , nos assuntos relacionados a ficar com outras meninas, mentem para as namoradas e para não perder a namorada, mas mentem muito menos para os outros guris.As meninas parecem mentir mais para outras meninas, principalmente em relação as suas características pessoais,super valorizando suas qualidades ou sua condição social.


4) Tem criança que desde pequena tem mania de mentir e inventar histórias. A mentira vem desde aí?

O significado é diferente para a criança. Na mentira adulta, uma pessoa tem consciência (sabe que) sua descrição não é coerente com a realidade. Na criança, dependendo da idade, realidade e fantasia estão juntas. A criança não tem a clareza do adulto e os pais diante da mentira, muitas vezes penalizam a criança com castigo, sem pensar no que a levou a mentir.Muitas vezes a criança conta algo que não ocorreu de fato, mas que ela desejaria que tivesse ocorrido.As crianças aprendem a mentir, por exemplo quando os pais dizem que não estão em casa para não receber alguém, ou seja, com os próprios pais, mas geralmente as crianças mentem pelo medo de perder o amor dos pais. Sempre que sentir que os pais desaprovam algo que ela fez, com certeza vai mentir.


5) Muitos adolescentes citaram que mentem para os pais e namorada (o) quando vão sair à noite. A desculpa é quase sempre a mesma: "vou dormir na casa do fulano". Eles disseram que mentem porque do contrário serão proibidos. Uma menina falou que é obrigada a mentir pro pai algumas vezes porque ele não deixa ela ir a lugares - à noite- onde tenham guris. Qual a tua opinião sobre isso? Nesse caso a culpa da mentira é deles ou dos pais?

As pessoas dizem a verdade quando elas sentem que não são julgadas, criticadas ou punidas. Esta situação apresentada é resultado da falta de confiança nos pais e do medo. Quando os pais punem o filho quando ele relata que estava jogando quando deveria estudar, eles estão punindo comportamento do filho ter feito o que não devia, mas, principalmente estão punindo o comportamento de dizer a verdade.


6) As brincadeiras mais citadas que aplicam à alguém no dia dos bobos são dizer que alguém ligou quando não ligou, dizer ao amigo que uma guria tal está interessado nele, daí quando o menino chega pra falar com a guria vê que é mentira, dizer que a calça do outro está furada, esconder o material escolar do outro, dizer que estava doente e por isso não fez o tema,.. e por aí vai, queria que tu destes um breve parecer se isso é realmente saudável.

Penso que em algumas situações a mentira pode ser até muito útil. Por exemplo se este menino que foi informado que a menina estava afim dele, se sentia inseguro para chegar, com a mentira pode se encorajar. Acredito que uma verdade pode ser dita com tamanha crueldade que pode ser muito mais nociva do que muitas mentiras. O essencial é o respeito pelo outro e respeito não exclui brincar. Então é possível brincar e se divertir sem ferir ninguém.

INSÔNIA Entrevista ao Diário Popular

1. O jovem passou a acumular variadas funções ao uso do quarto, que antigamente servia para repouso. Hoje o uso das novas tecnologias influencia diretamente na vida dos adolescentes, que diminuem suas horas de sono ou até mesmo mudam o seu horário diário, é a famosa frase "trocando o dia pela noite". Tu poderias me dar uma visão clínica sobre essa mudança?

O acréscimo de funções relacionadas ao uso do quarto por si só não justifica, ou ao menos não sozinho, os sintomas de transtorno do sono, mas pode, junto com outros fatores, favorecer este tipo de transtorno.Os transtornos do sono primários (aqueles que não são causados por uma condição médica geral, uma substância ou um transtorno mental), em geral estão associados mudanças no processo de geração do sono e a condicionamentos.Insônia é a falta de sono adequado em quantidade ou em qualidade. A pessoa apresenta dificuldades para iniciar e/ou manter o sono e/ou tem despertares noturnos freqüentes.Não é a quantidade de atividades e tarefas que o adolescente tem durante o dia que o impede de dormir, ou de dormir mal. Geralmente é a dificuldade de se organizar e estabelecer limites. O que é próprio desta fase do desenvolvimento


2. Qual a importância de um sono regrado e quantas horas devemos dormir por dia?

A quantidade de horas necessárias de sono é variável de uma pessoa para outra e tendem a diminuir com o avanço da idade. Dormimos muitas horas quando criança e vamos reduzindo esta quantidade com o decorrer do tempo. Em geral um adolescente necessita de mais horas de sono do que um adulto e mais ainda do que uma pessoa idosa. Tem-se como parâmetro para um adulto de seis a oito horas de sono por dia, mas tão importante como a quantidade é a qualidade do sono.


3. As novas tecnologias (internet, msn, orkut, e-mail) podem ser apontadas como fator exclusivo para esta mudança contemporânea?

Ficar até tarde na internet, não é um problema se a pessoa pode dormir o suficiente e exercer plenamente todas as suas atividades do dia seguinte, mas o que acontece muitas vezes, é que o adolescente falta à aula, chega atrasado, perde compromissos, enfim, fica prejudicado o seu desempenho geral, diminuindo muito sua capacidade durante o dia. Um adolescente que rotineiramente ultrapassa seu horário de dormir para ficar na internet, possivelmente centralizou muito de sua vida nesta forma de relação.


4. Quais são os tipos de distúrbios que os jovens podem desenvolver?

A insônia quase sempre é um sintoma e não uma doença. Pode estar relacionada a quadros de ansiedade, stress, depressão, transtorno bipolar entre outros. A insônia continuada pode causar diminuição na concentração, cansaço, irritabilidade, diminuição da produção de hormônio do crescimento, diminuição da memória, diminuição da produção de insulina, maior produção de cortisol e adrenalina (aumento do stress), uma piora na sua qualidade de vida e até desencadear transtornos psicológicos. 5. Qual é a dica para solucionar esse problema? Primeiro, diagnosticar os problemas psicológicos que possam estar ocasionando a insônia. O que pode ser obtido com uma história detalhada, de forma a tentar identificar a causa base.
Identificar comportamentos que podem estar interferindo na insônia. Organizar a própria vida é fundamental no tratamento da insônia. Ter horário para dormir e para acordar, não dormir durante o dia, ter uma alimentação saudável, praticar alguma atividade física regular, procurar atividades tranqüilas antes de dormir, são pressupostos básicos para evitar a insônia.


6. Esse mundo paralelo e virtual transportado para o quarto pode tornar as pessoas mais individualistas, fechadas e solitárias?

O individualismo não é causado pela tecnologia, mas pela forma como nos utilizamos dela. O que muitas vezes o “individualismo” esconde é um enorme medo de rejeição. Um relacionamento virtual não substitui o relacionamento corpo a corpo, mas alivia. Dá a “falsa” sensação de não estar sozinho e isto muitas vezes faz com que o adolescente não busque outras formas. Para alguns adolescentes a relação virtual pode facilitar (como um ensaio ao relacionamento) ou pode ser um modo de se esconder, e se excluir do mundo real não enfrentando suas dificuldades num outro tipo de relacionamento pessoal. Sem dúvida é um relacionamento solitário, considerando que não há o contato físico, mas isto sendo apenas mais uma forma de relação, sem ser exclusiva, pode ser saudável.

MEDO

"Nosso medo mais profundo não é o de sermos inadequados; nosso medo mais profundo é o de sermos poderosos além da medida." Nelson Mandela 

Quando pensamos em medo, geralmente associamos a algo concreto que tememos, como medo de um animal, de uma situação , de um assalto, etc. Muitas vezes confundimos susto, ansiedade e medo. Entretanto, o susto refere-se ao perigo inesperado, é quando somos pegos de surpresa, não houve tempo de preparo para uma determinada situação”perigosa”. A ansiedade é a espera do perigo, ainda que desconhecido. O medo exige um objeto real ou imaginário de que se tenha temor. As fobias referem-se ao medo mórbido ou patológico , ou seja, aqueles medos que escapam da razão e causam grandes limitações à nossa vida, pois não podemos controlar ainda que tenhamos consciência do absurdo de sentir medo diante de uma determinada situação, por exemplo estar dentro de um elevador. Por mais irracional que pareça, continuamos a sentir medo. As fobias são classificadas de acordo com o objeto fobígeno (objeto ou situação que aparentemente causa o medo): Agorafobia ( temor a espaços abertos), claustrofobia ( espaços fechados), zoofobia ( animais), misofobia (sujeira), etc. Mais do que classificar e explicar os diferentes medos, suas origens e suas formas de manifestação, pretendo abordar o aspecto mais sutil do medo e ao mesmo tempo o mais comum. O medo que todos nós , de alguma forma , carregamos ao longo de nossa existência. O medo quase que imperceptível, “invisível” até, porém, tão sofrido. O medo da vida. Esse medo possui suas raízes muito profundas pois nasce junto com nossa própria construção de “ser”. Desde muito cedo vamos aprendendo a responder, de formas a sermos aceitos, a obter o amor de nossos pais( ou substitutos). Buscamos ser bons para obter o amor. Entenda-se bom o contrário de mau e mau “tudo aquilo que com a perda do amor nos faz sentir ameaçados”. Nascemos e permanecemos por muitos anos dependentes de nossos pais. Sem outro ser humanos que nos cuide, não sobrevivemos. Isso cria um padrão de comportamento extremamente dependente. Vamos nos adaptando para sermos aceitos e quando sentimos algo que não podemos expressar ou sentimos que não podemos porque isso decepcionaria os pais, negamos uma parte nossa e vamos construído um ser diferente do que realmente somos. Felizmente também esta construção é imperfeita e vão-se construído conflitos estruturais. Conflitos (“forças opostas em ação”) que podem aparecer de diferentes formas ( sintomas ), porque haverá sempre um conflito entre a parte autêntica e a parte adaptada. 
Pode parecer pouco para um adulto perder o amor de alguém, mas para uma criança é questão de sobrevivência. O medo da perda do amor vai cerceando nosso desenvolvimento, crescemos com a ameaça constante da rejeição. Como uma planta que cresce em meio a muitos obstáculos, vamos crescendo e construindo nosso ser, muitas vezes com uma aparência bem diferente da natural. Com esse padrão vamos construir também todos os outros relacionamentos, ou seja, a cada novo encontro será revivido um “novo” medo. Exatamente por isso esse medo nos acompanhará até o momento em que possamos resgatar nosso verdadeiro self (Eu ). Muitas pessoas não superam o temor da perda do amor e assim nunca tornam-se independentes do amor do outro. São comuns os relatos de pessoas que atribuem ao outro , a causa de sua infelicidade. Essas pessoas não percebem o quanto de responsabilidade têm por se colocarem nesta posição de dependência em relação ao outro. Na verdade nunca se libertaram da dependência infantil. “Vivem” hoje como se não sobrevivessem sozinhas. 
De certa forma todos nós ao longo da vida, sempre teremos um nível de dependência em relação ao outro e talvez a questão que surja neste momento seja: Como vencer o medo e se tornar suficientemente independente ? Como viver mais, sentir mais se temos medo disso ? Acreditamos que é perigoso sermos levados por nossas emoções. Por isso erguemos defesas que acabam criando a condição que queremos evitar, como alguém que constrói uma fortaleza para se proteger e não percebe que se torna prisioneiro de sua obra. “Nos tornamos covardes , com medo de sairmos da casca, medrosos de nos arriscarmos e morrer em nome da liberdade. Cada vez que pensamos em romper com a proteção e fracassamos, morremos novamente de medo. Romper a concha é arriscar à morte, mas ficar dentro dela é morrer em vida.” 
Tentamos evitar a dor nos protegendo da vida, sem sentir as vezes, o quanto sofremos com isso. “Se conseguirmos nos entregar à dor descobriremos que ela se torna suportável e o processo natural de cura terá início.” É preciso Ter a coragem de correr riscos e buscar, de mergulhar na própria dor e recomeçar sempre. 

 “O amor da gente é como um grão, uma semente de ilusão. Tem que morrer prá germinar...plantar nalgum lugar... morre nasce trigo, vive morre pão...” Gilberto Gil

AMOR

Amar é despertar naquele a quem amamos, toda a grandeza de que é capaz!

Definir e compreender esse sentimento tão amplo e ao mesmo tempo tão simples, não é tarefa fácil, porém todos nós, ao menos, em algum momento da vida, já o sentimos. Quando pensamos em amor podemos associar ao amor sexual ou amor ao próximo. Confundimos muitas vezes o amor com a paixão ou ao desejo sexual. 
Na busca de melhor compreender esse sentimento tão complexo, encontro no dicionário (o velho Aurélio) a seguinte definição: “Sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem. Sentimento de dedicação absoluta de um ser a outro.” Analisando a primeira parte temos uma ampla definição do amor. O amor dos pais com os filhos, dos filhos com os pais, dos irmãos, dos amigos, dos amantes, enfim de todas as formas de relacionamento em que desejamos o bem do outro. Na Segunda parte temos um tipo de amor um pouco diferente que é mais comum dos pais com os filhos. 
Os poetas talvez descrevam o amor de uma forma melhor do que a psicologia pode descrever, entretanto relendo alguns teóricos desta área encontro algumas referências interessantes e que nos levam a refletir um pouco . 
Adler considera o amor como uma tarefa e enfatiza a relação de cooperação entre duas pessoas : “Três maiores tarefas da vida: trabalho, amizade, amor. O amor maduro envolve uma íntima união de mente corpo, e a máxima cooperação entre duas pessoas.” 
Rogers vê o amor como o ponto de referência máximo de uma criança para o seu desenvolvimento. “O amor é tão importante para a criança que ela acaba por ser guiada , não pelo caráter agradável ou desagradável de suas experiências, mas pela promessa de afeição que elas encerram.” 
Maslow divide o amor do ser, do amor por deficiência, dizendo que: “Amor por deficiência é o amor pelo outro porque ele preenche uma necessidade, o amor do ser é o amor pela essência , pelo ser do outro.” 
Rumi focaliza o poder do amor no crescimento pessoal, dizendo que: ”O amor é a única força que pode transcender os limites da razão. O amor é uma capacidade em expansão contínua.” 
Lowen chama a atenção às forças inconscientes que nos movem numa relação: “O destino parece desempenhar um papel muito grande, as pessoas são atraídas umas pelas outras, por forças que têm alguma relação com suas personalidades, se a pessoa é tão cega quanto foi Èdipo, a perda do amor de sua vida é inevitável" e da dúvida  que surge no momento em que se percebe que não há como manter esse “estado de graça” da fase anterior(paixão) e se teme perder o outro. 
Mas afinal, o que é o amor? É o mesmo que a paixão? Para o psicanalista Samuel Katz, o amor e a paixão não se confundem. O amor possui uma temporalidade mais longa, enquanto que a paixão é imediata. E o ciúme, diz ele, nós não temos, “ele é que nos tem.” 
Amar é possuir um sentimento tão profundo, que nem o tempo nem a distância são capazes de destruir? Amar é desejar o bem a alguém sem nada cobrar, sem nada esperar? Será que somos capazes de amar assim? Ou será isso que sentimos, esse “amor” cego, tão verdadeiro, tão forte, a paixão? A cantora Marina em uma de suas músicas questiona: “Existe diferença entre paixão e projeção?” As vezes parece que sim, mas quando nos apaixonamos projetamos no outro sentimentos que são nossos e tendemos a ver o outro como nossa “outra metade”. Na maioria das vezes vivenciamos a paixão pensando ser amor. O amor adulto real exige, entre outras coisas, admiração e respeito pelo ser do outro , companheirismo e um projeto de vida comum, mas para isso, antes é preciso que nos amemos, que nos admiremos de nos mesmos. Certamente esse não é nenhum poema de amor, e talvez nesse momento, estejam pensando que é tudo ilusão, mas esse sentimento tão intenso e profundo, dá um “colorido” especial à vida. Quando nos apaixonamos vemos tudo mais belo, experimentamos o melhor da vida, quando não somos correspondidos como desejamos, nos sentimos enganados e iludidos. 
Maravilhoso e maldito, o amor é assim, nos fazendo sentir o melhor e o pior de nós mesmos. 

 "Ainda que eu falasse a língua dos anjos,sem Amor eu nada seria...Amor é fogo que arde sem se ver;é ferida que dói e não se sente;é um contentamento descontente;é dor que desatina sem doer." Camões

PSICOTERAPIA

Psicoterapia por definição é “tratamento das doenças mentais através da aplicação de técnicas psicológicas aplicadas por um psicólogo, ou por um psiquiatra com especialização em psicoterapia.
Muitas vezes me perguntam se psicoterapia é para “loucos”. Quero dizer que pessoas saudáveis são as que mais buscam a psicoterapia, isto porque possuem consciência de suas dificuldades. Os chamados “loucos” ( pessoas com graves doenças psicológicas), estão tão comprometidas que não conseguem reconhecer seus problemas. Sofrem mas não têm “consciência”. A psicoterapia é para pessoas normais que, por alguma razão, estão sofrendo ou mesmo não conseguindo utilizar adequadamente seu potencial. 
A busca da psicoterapia pode ser num período de dificuldade que a pessoa esteja passando em relação ao seu casamento, trabalho, família, amizade e etc. Para alterar ou resolver os aspectos de si mesmo que lhe causem sofrimento e/ou incapacidade. Pode ser também para um aconselhamento, orientação vocacional ou profissional. 
Na psicoterapia a pessoa não é julgada, não existem assuntos feios. Ela pode ajudar , em qualquer comportamento, sentimento, emoção ou pensamento que atrapalhe de alguma forma a nossa vida e em qualquer área, seja ela conjugal, social, familiar, profissional, etc. 
Através da ampliação da consciência e, consequentemente, sobre suas reais necessidades e motivações, a psicoterapia elimina ou diminui o sofrimento que impede ou dificulta o nosso desenvolvimento. Isto não significa que não teremos mais problemas, mas, sim, que a aprendemos a lidar de um outro jeito, obtendo uma melhor qualidade de vida.
Fazer terapia é um investimento pessoal! Existem diferentes abordagens teóricas ( formas de tratamento ). O profissional escolhe as técnicas mais adequadas ao tipo de necessidade da pessoa. O tempo do tratamento psicoterapêutico é muito individualizado e depende de muitos fatores como: tipo de dificuldade, ambições pessoais, etc. A freqüência é no mínimo semanal, e cada consulta tem a duração de 45 a 50 minutos.

DISFUNÇÃO ERÉTIL

“Potência orgástica é a capacidade de abandonar-se livre de quaisquer inibições, ao fluxo da energia biológica; à capacidade de descarregar completamente a excitação sexual reprimida por meio de involuntárias e agradáveis convulsões do corpo”. Willian Reich 

As disfunções sexuais masculinas mais comuns são: a ejaculação prematura, a ejaculação retardada e disfunção erétil. Esta última, mais conhecida por impotência é a que maior preocupação desperta. Mais do que descrever uma síndrome, com suas causas e conseqüências, pretendo refletir acerca desta disfunção. 
O termo impotência, por si só já é pejorativo, considerando-se que se refere apenas a uma falha na ereção do pênis, restringe o problema ao homem (porque ele é o impotente), além de coloca-lo numa posição sem saída, privado de qualquer outra possibilidade.
Talvez não haja outra doença tão frustradora e humilhante para um homem como a impotência. Em quase todas as culturas, grande parte da auto-estima masculina apóia-se na ereção. Como conseqüência, a depressão é muito comum, embora ela também possa ser a causa da impotência. Relação semelhante existe entre a disfunção erétil e problemas conjugais. Por isso, a importância da avaliação inicial, distinguindo-se as causas das conseqüências.
Cerca da metade da população masculina já experimentou episódios ocasionais e/ou transitórios de impotência e considera-se isso normal. Sob condições demasiadamente tensas, todos os homens podem falhar na ereção. A impotência psicogênica pode estar associada à perda geral da libido e a dificuldade ejaculatória, mas a patologia essencial é a falha do reflexo erétil. O mecanismo do reflexo vascular deixa de bombear sangue suficiente para o pênis. O homem com esta disfunção, embora se sentindo estimulado e excitado, não fica com o pênis ereto. Os reflexos eréteis e ejaculatórios são dissociáveis e alguns são capazes de ejacular apesar do pênis flácido. A função erétil é prejudicada desde o momento em que o homem fica ansioso. Alguns não conseguem ereção durante as carícias que antecedem o ato sexual, outros a atingem facilmente, mas perdem-na depois. Outros são capazes de manter a ereção durante a manipulação manual ou oral. Alguns podem ter ereção apenas enquanto vestidos, outros, ficam excitados durante as carícias que antecedem o ato sexual quando sabem que o coito não é possível. Alguns podem ter ereção se a mulher dominar, enquanto outros perdem a ereção se a parceira assumir o controle. Outros ainda são capazes de ereções parciais, enquanto outros sofrem de impotência total. Outros não conseguem a ereção somente em circunstâncias especiais.
Sentimento de culpa, sobre a sexualidade causada por uma educação rígida é fonte comum de ansiedade que leva à impotência. O medo do fracasso com possíveis temores de abandono pela parceira é um poderoso castrador. Mesmo quando não é a causa primária da impotência ocorre como uma reação. Grandes expectativas e exigências, auto-observação, pensamentos obsessivos, cuidado exagerado com a parceira e a preocupação excessiva com a qualidade da atuação sexual podem prejudicar muito a resposta sexual. O sexo precisa desenvolver-se livre e espontaneamente para ser bem sucedido. A excitação sexual, tanto nos homens quanto nas mulheres, é uma reação natural ao desejo e a estimulação eficiente. Não pode ser produzida a vontade., ao contrário, ordens e exigências tendem a prejudicar os reflexos sexuais.

SONHOS

Não é uma calamidade morrermos com sonhos por realizar, calamidade é não sonhar!

A oscilação entre o período de sono e vigília é comum a todos os animais vertebrados e possui funções importantes para a vida. No sono descansamos do desgaste da vigília, reorganizamos a mente, as ondas cerebrais se alteram, há um relaxamento muscular e cai a temperatura. É durante o sono também que as memórias são fixadas de forma ordenada, obedecendo a critérios psíquicos de associação e de significados, assim, toda memória que é fixada durante o sono, é a partir de nossa lógica interna. Classicamente divide-se o sono em cinco fases: 4 fases do sono não REM e 1 fase do sono REM. Esta divisão entre o sono REM e não REM tem como fundamento ser o sono REM o período onde é mais comum sonhar. REM (do inglês, rapid eyes moviment. Rápido movimento dos olhos). Uma noite de sono possui de 4 a 5 ciclos. Portanto todos nós sonhamos todos os dias. As respostas para explicar porque não lembramos, ou apenas recordamos partes dos nossos sonhos, são muitas. 
Segundo a psicanálise o que vivenciamos no sonho tem a lógica do inconsciente enquanto que na vigília temos a lógica da consciência, ou seja, em sonhos somos capazes de assumirmos papéis que conscientemente seriam inaceitáveis, Segundo Freud “sonhar é uma forma de canalizar desejos não realizados através da consciência sem despertar o corpo”. 
Jung traduz os sonhos como “pontes importantes entre os processos conscientes e inconscientes” e alerta para que os tratemos como “amigos” a fim de que possamos nos conhecer mais. 
Perls define como “mensagens existenciais que podem nos ajudar a compreender situações inacabadas que carregamos conosco, o que nos falta em nossa vida, o que evitamos fazer, e como evitamos e nos desapropriamos de partes nossas”. 
É importante ter claro que os sonhos refletem nossos pensamentos e emoções, e que as pessoas, ações e sentimentos ali presentes são partes nossas. Alguns afirmam que existem sonhos típicos e elementos oníricos comuns a diferentes pessoas e culturas. Contudo, o mesmo símbolo irá ter sentidos diferentes para pessoas diferentes e mesmo na mesma pessoa em um momento de vida diferente. 
Algumas pessoas têm sonhos repetidos, o que pode significar uma situação inacabada, mas se prestarmos bastante atenção em cada sonho, veremos que existem elementos novos e transformados, porque o processo evolutivo é inerente ao ser humano.
Os pesadelos são mais comuns em crianças e adolescentes e menos comuns em adultos, provavelmente porque os adultos já tenham atingido uma certa estabilidade emocional. Uma forma de amenizar o problema de crianças que têm pesadelos freqüentemente é transmitir segurança e evitar situações estressantes. 
A crença de que os sonhos são avisos ou mensagens é correta, se considerarmos que grande parte de nossa conduta é determinada por razões inconscientes, e que nos sonhos se processam coisas que certamente estão alterando nossas vidas de alguma forma. Entretanto, estas mensagens são de partes nossas mesmos, e não de fora. Contudo existem exemplos de sonhos que parecem ter previsto eventos futuros. Alguns poderiam ser explicados pela capacidade de unir informações inconscientes que já temos. Existem também os sonhos lúcidos, ou seja, os sonhos em que percebemos que estamos sonhando durante o sonho. Nestes sonhos temos a possibilidade de influenciar “conscientemente” seu curso e isto pode ser uma aventura muito interessante, mais do que isso é a possibilidade de enfrentar situações que conscientemente não faríamos e que durante o sonho, já que estamos “protegidos” em sonho, podemos enfrentar. 
Por fim existem ainda os sonhos no sentido de aspiração, desejos, de entregar-se a devaneios. Estes mais do que compreende-los é necessário que busquemos sua realização, porque são estes sonhos que dão sentido a nossa existência e provocam as transformações no mundo. 
Neste mundo misterioso e maravilhoso dos sonhos, temos infinitas possibilidades, mergulhar neste mundo é ir ao encontro de nós mesmos, despir-se dos medos, ampliar nossos horizontes e redescobrir a própria vida. 

 “Por que deixar uma ferramenta como os sonhos enferrujar? Por que deixar a caixa fechada, quando é um presente que nos foi dado? Um presente com poderes que podem alterar nossas vidas!” Richard Bach