SOLIDÃO

"Digam o que quiserem. O mal do século é a solidão. Cada um de nós imerso em sua própria arrogância esperando por um pouco de afeição .” Renato Russo Solidão “

Do latim solitudine, é o estado de quem está só. Ausência de relações sociais; isolamento. Lugar ermo.” Muitas vezes, não é necessário estar só. A solidão pode ser sentida como a sensação de estar só, mesmo entre muitas pessoas. De ser sozinho, de se sentir desinteressante, de vivência do vazio. 
O crescimento desenfreado dos grandes centros urbanos e a cultura do narcisismo, representando a felicidade sob a forma de bens materiais e consumo, na sociedade contemporânea, produz um grande sofrimento humano, tornando-nos mais insensíveis e distanciados de nós mesmos. Atualmente não estamos mais vinculadas à comunidade como antes. Reunião de vizinhos, parentesco e amizade não são mais relações de proximidade. São convívios formais. Quando há convívio. 
A solidão moderna é conseqüência do individualismo. Ela resulta do “anseio por um estado interno perfeito inatingível, busca da sensação de completude e à necessidade de reconhecimento do outro”. A ânsia pelo reconhecimento faz com que nos adaptemos a este modelo externo de ser feliz, deformando nossa personalidade. Esta falsa identidade gera sentimentos de baixa auto-estima e depressão, ou seja, “Eu me sinto tão sozinho, tão desvalorizado. Eu tenho tanto medo de perder um restinho de um amigo, de uma namorada, de um amor, que vou fazer tudo para agradar o outro”. O sentimento de isolamento, de não pertencer a um grupo que me reconheça como um sujeito capaz, aliado aos meios de comunicação de massa que dizem que todas as coisas podem ser “compradas”, inclusive a felicidade, reforça a crença de que o valor está fora de nós. Só tem valor “as celebridades”, as pessoas “normais” se confundem com a massa, e a massa é considerada medíocre, desvalorizada. 
Os meios de comunicação de massa também reforçam a idéia de que quem se sente sozinho, está fora do circuito, pois, bem-estar e felicidade podem ser comprados. Portanto, não há espaço, nem para compartilhar a solidão. “O homem não se torna delinqüente, anti-social, narcisista, deprimido e obcecado pelo corpo, apenas pela voracidade característica do capitalismo, mas sim, porque nos fazem ver, sentir e pensar que nada do que somos desperta o interesse, admiração ou amor do outro.” E vamos tentando lidar com essa perda de perspectiva, de uma maneira capitalista, ou seja, comprando, comprando, e jogando fora. Um sistema de busca que só aumenta sentimento de vazio, a voracidade, consumismo e o pior, as relações também se tornam descartáveis. O que gera uma maior solidão. Contudo, a solidão também pode ser uma experiência criativa. Se conseguirmos transcender o “sistema” vigente, podemos entrar em contato com nosso interior, reconhecer nosso valor “único” e descobrir a possibilidade de viver e criar na solidão. Produzindo assim a nossa “gota d’água”, neste insano oceano de valores.

3 comentários:

  1. Comentário de: Marlise [ Visitante ]
    Vencendo a solidão
    Na atualidade, muitos são os que lamentam a solidão. Dizem que a tecnologia afastou as pessoas umas das outras. Que a violência transformou indivíduos em autômatos programados para esperar agressões e reagir.
    O diálogo foi substituído pelos programas televisivos. As visitas entre amigos, com os intermináveis bate-papos se extinguiram graças a dispositivos tecnológicos que permitem contatos na nossa aldeia global, sem sair da frente de um visor.
    Falam de indiferença e frieza nos corações. Afinal, ninguém se importa com ninguém. Colocam-se grades nas janelas das casas, portões eletrônicos e seguranças nas portarias de edifícios.
    Por isso, dizem, o homem está se tornando o ser mais solitário da terra. Abandonando a riqueza do contato interpessoal pela frieza das máquinas, o aperto de mão pelos alôs tecnológicos, as conversas enriquecedoras pela frieza de uma tela de TV.
    No entanto, todo o quadro pode e deve ser revertido, bastando que se deseje. Cultivar amizades, distribuir afagos, buscar companheiros para o entretenimento sadio, aplaudir um teatro, sair com colegas de trabalho para uma tarde de lazer junto à natureza são atos a que todos podemos nos propor.
    Para espantar a solidão existem fórmulas especiais e muito fáceis. Basta programar-se e convidar amigos para o final de semana. Abrir o lar para um encontro simpático, sem a exagerada preocupação de servir petiscos muito elaborados, que ocupam tempo enorme, quando o tempo deve ser dispensado aos que elegemos para estarem conosco, algumas horas.
    Aprendamos a desfrutar da companhia do outro. Deus criou o homem para viver em sociedade. No contato humano é que trocamos experiências e sentimentos, aprendendo a disciplina do próprio proceder.
    E, se acaso, formos daquelas criaturas que afirmamos não ter amigos, colegas ou seja quem for para recepcionar ou visitar, há muitos seres no mundo, sem ninguém.
    Por que não preencher o vazio de afeições que partiram ou que nunca se fizeram presentes, por exemplo, pela carinha festiva de uma criança?
    Por que não apadrinharmos crianças sem lar, em dias pré estabelecidos? Por que não nos programarmos para passear, em dias de sol e festa primaveril, pelos parques da cidade, com um petiz que nos tomará da mão, ficará roçando sua cabecinha em nós, à busca de mais carinho? Deve ser o medo de assumir responsabilidades.
    A mais expressiva técnica para espantar a solidão é dispor-se a amar. E há muitos que esperam pela nossa disposição de amar!
    07/09/2009 @ 01:11:59

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  2. Anônimo disse...
    finalmente alguém consegue definir tão bem os estados da solidão sem ser tedioso, eu fico com a ultima "parte"pois solidão p/mim e isto.Parabens Paulo Brum.

    1 de Outubro de 2009 14:54

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  3. Bingo! O último livro de Martha Medeiros fala de um tempo de solidão que é necessário para nos reciclarmos. Também não é legal sempre estarmos junto com todos. Existem dias que estamos de "bode" e é normal estar de mau humor. Precisamos ficar a sós para nos entendermos. Adoro ficar na solidão, pensar, refletir...Esse pensamento que sempre temos que estar felizes e em festa me arrepia! É claro que isto é um tempo, pois como o comentário anterior bem explanou precisamos que outros para evoluir. Bjs

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